Aumentar a carga do condomínio é a solução mais completa e segura
Os últimos meses de 2023 registraram temperaturas muito altas, com a sensação térmica beirando os 60 graus. Tivemos uma amostra grátis do verão. Nessas condições, não dá para viver sem ligar o ar-condicionado ou, pelo menos, o ventilador. O calorão faz o consumo de energia ficar lá no alto, e os condomínios que estão com as instalações elétrica defasadas correm mais risco.
Geralmente, quando se faz a autovistoria do prédio, já há uma recomendação sobre a situação da parte elétrica. Se for constatado que é preciso realizar aumento de carga ou uma reforma, é necessário que a obra seja feita o quanto antes. “O síndico não pode deixar de fazer, tem que agir rapidamente porque, se acontecer algum acidente, ele pode responder, no âmbito civil e criminal, por omissão e negligência”, afirma Antônio Carlos De Luca, síndico profissional da empresa Confiance Síndicos Profissionais.
O processo de aumento de carga de energia é longo e trabalhoso e precisa ser feito com uma empresa especializada. Antônio Sant’anna é engenheiro eletricista e diretor administrativo do Grupo AssPontec Instalações Elétricas. Durante a entrevista, ele detalhou todo o passo a passo de como planejar a reforma. “É preciso contratar uma empresa especializada que tenha um engenheiro eletricista. Ambos têm que ser credenciados no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea). Esse profissional, primeiramente, vai ver o estado físico do agrupamento coletivo que, popularmente, é chamado PC (abreviatura de padrão coletivo) de luz. Se os quadros forem de madeira ou se tiverem facas, chaves, não tem jeito, tem que mudar. E, por último, vai checar as condições dos medidores. Com essas informações, o engenheiro consegue detectar se precisa de reforma ou modernização.”
Este é o primeiro passo, fazer um “raio x” da situação elétrica do condomínio. Para Etyvin Müller Steckel, coordenador de operações técnicas da Eletricca Engenharia, Serviços e Comércio Especializado, é essencial fazer “esse minucioso levantamento das necessidades atuais e futuras de consumo no condomínio, considerando não apenas as unidades habitacionais, mas também as áreas comuns e possíveis expansões”. A partir daí, a empresa monta um projeto que é apresentado para a concessionária de luz. A própria concessionária faz um estudo para saber se libera ou não o aumento de carga. Em alguns casos, é necessário realizar uma obra na rede externa da concessionária. Depois da liberação, a empresa, que tem que ser homologada pela concessionária de energia, faz um programa para a execução da obra, que inclui a substituição de cabos e disjuntores, entre outras ações. No estado do Rio de Janeiro, são duas concessionárias, a Light e a Enel. Outro ponto fundamental é que o material que vai ser usado tem que ser produzido por essas concessionárias.
O coordenador de operações técnicas da Eletricca alerta que a contratação de uma empresa especializada nesse setor representa não apenas “um investimento crucial para assegurar a integridade, eficácia e, principalmente, confiabilidade das instalações elétricas do condomínio, mas a garantia do serviço. Se não seguir as exigências e recomendações da concessionária, a obra é qualificada como irregular. O que chamamos de reforma à revelia, que pode gerar penalidades por parte da concessionária, chegando até mesmo à suspensão do fornecimento de energia”.
A gestora da Eletro Palma, Renata Rangel, acrescenta que é indispensável a emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), “pois estamos falando de um serviço que envolve risco de vida”. E não é só isso, “a empresa precisa ter toda a documentação em dia, além de contar com funcionários qualificados, em regime de trabalho CLT, ter seguro de vida para os trabalhadores e seguro da obra para o prédio. Afinal, somos humanos e podem acontecer erros na hora da execução”, explica o diretor administrativo do Grupo AssPontec.
Maurício Maciel é síndico profissional. Administra, há quatro anos, o Condomínio Valente XIX, que fica na zona oeste do Rio de Janeiro. O imóvel tem um bloco com 33 apartamentos. Para aumentar a carga de energia, optou pela instalação de energia solar. Com o sistema, que foi colocado em uma laje perto da piscina, conseguiu economizar 80% na conta de luz do condomínio e ainda com responsabilidade ambiental. “Com isso, conseguimos aumentar o conforto dos moradores, já que colocamos ar-condicionado na academia de ginástica e no salão de festas e ainda economizamos na conta. Sem contar que estamos produzindo energia limpa.”
Antônio Carlos De Luca administra condomínios no Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense, em Niterói e em São Gonçalo. Ele afirma que já assumiu a administração de vários deles com problemas urgentes para tratar. E, muitas vezes, a parte elétrica era a mais negligenciada. De Luca fez a atualização do PC de luz em 2022 assim que assumiu um condomínio em Copacabana, na zona sul da cidade. “O laudo de autovistoria indicou que era necessário fazer a atualização. Então peguei propostas de várias empresas, levei-as para assembleia, expliquei toda a parte técnica para os moradores. Mesmo sem ter dinheiro em caixa, a gente parcelou e conseguiu pagar e fazer o serviço.”
Durante o trabalho de aumento de carga, é interessante realizar atualizações em equipamentos que recebem descargas elétricas de raios e outros problemas de sobrecarga. Quando se faz a reforma, é bom checar se a empresa incluiu o aterramento, que é o sistema responsável por carregar todo o excesso de carga para um ambiente seguro – geralmente o chão –, evitando a queima de equipamentos eletrônicos. De acordo com o diretor administrativo da AssPontec, geralmente, o aterramento está incluído no trabalho.
No caso da reforma elétrica como um todo, é importante que os condôminos também a façam em suas casas. “A empresa responsável pela obra também verifica os apartamentos e encaminha uma carta para os moradores em que sinaliza possíveis problemas e indica reformas. Isso acontece sem que os funcionários entrem nas residências, apenas por meio de uma análise do sistema”, explica Antônio Sant’anna.
A gestora da Eletro Palma conta que o mais comum é encontrar condomínios desassistidos tecnicamente. “Muitos não têm suas obras legalizadas nas concessionárias e outros, lamentavelmente, estão com as obras paradas no meio do caminho por terem contratado empresas que desconheciam o processo legal desses serviços. Encontramos também, constantemente, imóveis e apartamentos com alto risco de incêndio, pois, com o passar dos anos, os moradores foram aumentando os equipamentos eletrodomésticos dentro de casa e não fizeram as adequações na rede elétrica ou realizaram consertos com pessoas desqualificadas, o que aumenta as chances de haver incêndio.”
Negligenciar o sistema elétrico pode significar colocar várias vidas em risco e perder o patrimônio. Etyvin Steckel conta que a Eletricca foi acionada uma vez para uma intervenção de emergência causada por um incêndio no cabeamento que alimentava não apenas todas as unidades, mas também uma parte significativa da área comum do condomínio. “Enquanto o corpo de bombeiros trabalhava na contenção do fogo, para garantir o restabelecimento seguro e eficiente de energia, implementamos um planejamento que priorizou a restauração em uma ordem estratégica, assegurando a retomada de serviços essenciais, como elevadores e bombas de água, minimizando, assim, os impactos para os moradores.”
Para o síndico Antônio Carlos, “depois que a reforma é feita, as pessoas ficam mais tranquilas, sem medo de incêndio ou curto-circuito”. Segundo a gestora da Eletro Palma, os equipamentos de hoje em dia dão muito mais segurança para o condomínio. “Os painéis utilizados são blindados e já vêm com disjuntores termomagnéticos com proteção de distribuição elétrica geral e parcial calculados em projeto e no limite de carga disponibilizada pela rede da concessionária. Dessa forma, o condomínio fica coberto pela seguradora por estar obedecendo às normas atuais.”
Se o imóvel estiver com o sistema elétrico defasado, o condomínio fica exposto a diversos riscos, inclusive perder a garantia do seguro. O seguro para o condomínio é obrigatório e é uma ferramenta importante para todos os moradores. A Cipa Corretora recomenda uma análise abrangente para verificar quais coberturas o síndico e os moradores devem fazer. A administradora corretora passa todas as orientações das regras que os condomínios devem seguir para não perder o seguro.
Além da reforma, a manutenção do sistema é o que vai proporcionar que a garantia do serviço seja estendida. “Todo equipamento elétrico demanda uma revisão, e a prevenção é a melhor opção para não deixar chegar ao sinistro”, explica Antônio Sant’anna, da AssPontec. “A reforma dos circuitos elétricos não apenas fortalece a segurança, mas também melhora a eficiência e valoriza o condomínio como um todo, proporcionando um ambiente mais seguro, eficiente e atrativo para seus residentes”, conclui Etyvin Müller Steckel.
Serviço:
Cipa Seguros
cipacorretora.com.br
(21) 2196-5115/99824-5493
Eletricca Engenharia, Serviços e Comércio Especializado
eletricca.com.br
(21) 2042-0297
Eletro Palma
eletropalma.com.br
(21) 96468-9227/96437-2360
Grupo AssPontec Instalações Elétricas
asspontec.com.br
(21) 99561-6267
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