Embora os índices mostrem que os preços da locação caíram, negociar valores está difícil
RIO — Volta e meia, algum índice aponta que os valores do aluguel despencaram no Rio. Na prática porém, inquilinos reclamam que a queda não é tão significativa, nem comum. Os proprietários, por sua vez, afirmam que já fizeram muitas concessões. Para quem está neste mercado, o que vem ocorrendo não é exatamente uma baixa, mas sim o fim dos preços exorbitantes praticados até 2016, quando o Rio era a menina dos olhos do Brasil.
Dados do Sindicato da Habitação (Secovi), levantados a pedido do Morar Bem, mostram que, de 2012 a 2015 (período do maior boom imobiliário no Rio), o valor médio do metro quadrado na cidade passou dos R$ 35,56 para R$ 38,38 — um aumento de 7,9%.
Entre os bairros que mais tiveram alta neste período estão Jacarepaguá (54,2%), Copacabana (30,4%) e Tijuca (28,3%).
Já de 2015 a 2018, momento entre o boom e o pior da crise, a queda foi de 22,7%. Neste momento, os bairros que mais sentiram o tombo foram: Lagoa (-31,3%), Copacabana (-27,7%), Flamengo (-26,2%) e Ipanema (-24,7%).
A agente de atendimento de aeroporto, Gisele Machado, passou por todas estas etapas. Em 2009, quando se mudou para seu atual apartamento de três quartos em Jacarepaguá, pagava R$ 1.400 de aluguel. Depois foi subindo, subindo, até R$ 2.800, quando ela tentou negociar.
— Nos primeiros anos, tivemos o reajuste anual comum. Mas, há uns três anos, o proprietário quis um aumento maior, de uns R$ 500. Ele não justificou, disse apenas que o que cobrava estava fora do mercado. Achamos aquele valor indevido e passamos a procurar outro imóvel com calma — conta Gisele, que está encaixotando sua mudança para outro imóvel, no mesmo bairro, com um aluguel mais barato.
— Eu fiquei surpresa porque eles não fez nenhum esforço para nos manter. Dissemos que íamos entregar e ficou por isso mesmo. Sempre fomos bons inquilinos, pagávamos em dia e nunca demos problema. É como se realmente não precisasse do aluguel. Não houve diálogo nem no aumento, nem na desistência — conta.
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NÃO CAI MAIS?
Amauri Soares, gerente de locação da Cipa, pondera que num momento de crise houve mais negociações.
— Para os imóveis alugados no primeiro semestre de 2017, houve uma incidência maior de negociação por causa do grande número de ofertas, algo em torno de 10%. Em Botafogo, por exemplo, a redução foi de R$ 1.200 para R$ 1.100, ou até para R$ 1 mil. Hoje os preços ainda diminuem, mas, especialmente, para aqueles imóveis com demora na locação. Mostramos a realidade ao dono, mas alguns ainda relutam em baixar o valor.
HÁ OUTRAS FORMAS DE NEGOCIAÇÃO ALÉM DO PREÇO
Nem sempre o acordo se dá por meio do valor pago. Na tentativa de ajustar e ficar bom para todo mundo, a solução, muitas vezes, se dá por outros caminhos, como imóveis para aluguel com opção de compra e a carência em geralmente 3 meses de aluguel.
PODER DE BARGANHA
Esta é uma época muito favorável para quem quer alugar um imóvel, pois o mercado virou, levando a um poder de barganha maior.
Fonte: O Globo.com/economia
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