O atual cenário econômico é favorável a uma antecipação do ciclo de queda dos juros. Essa foi a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, durante sua reunião da semana passada, quando reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano. Para especialistas ouvidos pelo GLOBO, com a inflação ancorada e a atividade econômica fraca, o BC sinalizou estar confiante para continuar a reduzir a taxa com mais fôlego, ainda neste semestre. A expectativa é que a autoridade monetária mantenha a tendência iniciada na última reunião e deixe de lado as diminuições tímidas da Selic, com um corte que pode ir de 0,50 ponto até 1 ponto.
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Copom destacou que o corte nos juros favorece a retomada da economia sem prejuízo para o objetivo de convergir a inflação para o centro da meta, de 4,5%, até 2018. No cenário de referência utilizado pelo BC, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiria 4% este ano. Ontem, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou, no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que a política monetária não é a única ferramenta para retomar a atividade:
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– Ela complementa outras políticas do governo e reformas estruturais que estão sendo implementadas.
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Na semana passada, o Copom surpreendeu os analistas, que esperavam um corte de 0,5 ponto. As áreas econômicas dos grandes bancos, como Bradesco e Itaú, apostam que o comitê manterá os cortes de 0,75 ponto nas próximas reuniões. Já o boletim Focus divulgado na última segunda-feira aponta uma redução de 0,5 ponto.
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Parece que, definitivamente, esse ritmo de corte veio pra ficar. Com a expectativa de inflação ancorada, a preocupação passa a ser a atividade. Então, o BC quer reduzir a taxa o mais rapidamente possível para ajudar a economia
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Na ata, os diretores do BC ponderam que possíveis revisões na magnitude dos cortes dependerão das expectativas de inflação e da evolução de uma série de fatores de risco, entre eles as pressões internas e o direcionamento da política econômica americana com Donald Trump, que assume na sexta-feira.
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ATIVIDADE FRACA E INFLAÇÃO EM QUEDA
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Na avaliação do BC, o desempenho da economia continua “aquém do esperado” e com “alto nível de ociosidade dos fatores de produção”, que se refletem no baixo índice de utilização da capacidade industrial e, principalmente, na taxa de desemprego. Esse cenário sugere, segundo o Copom, que a retomada será ainda mais lenta do que o inicialmente previsto. Por outro lado, uma atividade econômica fraca favorece a queda da inflação, o que colabora para uma redução mais rápida dos juros.
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Apesar da recente queda dos indicadores de inflação – o IPCA fechou 2016 abaixo do teto da meta, em 6,29% -, o comitê ponderou que alguns componentes desse índice são mais sensíveis ao ciclo econômico e requerem atenção contínua. O BC aponta ainda como risco a demora natural na aprovação e implementação das reformas encabeçadas pelo governo e as incertezas no cenário externo, sobretudo nos Estados Unidos.
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Fonte – O Globo, Bárbara Nascimento
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