Comitê Gestor do sítio arqueológico foi criado nesta terça-feira.
Declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco em julho de 2017, o Cais do Valongo, na Gamboa, Zona Portuária do Rio, tem um Comitê Gestor, que será responsável pela implementação das iniciativas de preservação do local. No dia 31/08, a posse e a primeira reunião do comitê, que é composto por representantes das três esferas governamentais e da sociedade civil, aconteceu no auditório da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Centro do Rio de Janeiro.
Segundo a presidente do Iphan, Katia Bogéa, trata-se de uma exigência da Unesco.
— O comitê gestor tem que atender as reivindicaçãos do comitê do Patrimônio Mundial. Com a instalação, começaremos a trabalhar para resolver as pendências que o Brasil tem com relação a esta candidatura, como o Centro de Interpretação, a continuidade das pesquisas arqueológica, os trabalhos paisagísticos e urbanísticos. Trabalhar o território próximo ao sítio arqueológico, que é a Pequena África, com sinalização, educação patrimonical — diz, acrescentando que todas as decisões serão tomadas em conjunto.
A primeira reunião do grupo acontece daqui a 15 dias, quando será apresentado um projeto do Iphan e da prefeitura do Rio para instalação de iluminação e sinalização do sítio arqueológico.
Também caberá ao comitê resolver uma questão polêmica: a criação de um museu da escravidão no entorno do sítio. O local escolhido para a instalação do Centro de Referência e Visitação do Cais do Valongo pelo Ministério da Cultura, é antigo armazém Docas Dom Pedro II, vizinho ao Cais do Valongo, e obra de um engenheiro negro, André Rebouças. O galpão está ocupado pela ONG Ação da Cidadania, que luta para Justiça para permanecer ali. A prefeitura do Rio, no entanto, pretende instalar no local o Museu da Escravidão Negra e da Liberdade (MEL).
— Isso está sendo tratado pela Fundação Palmares. O que o documento da Unesco coloca é a obrigação do país ter um centro de interpretação, um local onde o visitante receba informações sobre o sítio tombado. O museu é algo maior, sobre a história da escravidão e dos povos negros. O ideal é que os dois ficassem no mesmo espaço — declarou Bogéa, esclarecendo que a decisão caberá ao comitê.
Fazem parte do Comitê oito instituições públicas federais, estaduais e federais: Iphan, Fundação Cultural Palmares, Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Secretaria Municipal da Cultura, Secretaria de Estado da Cultura, Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur). Integram, ainda, outras nove organizações da sociedade civil, como o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro e instituições voltadas para a valorização da cultura afro-brasileira.
Principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, o Sítio Arqueológico Cais do Valongo, na Gamboa, Zona Portuária do Rio, ganhou neste domingo o título de Patrimônio Mundial da Unesco. A região representa o sofrimento dos escravos que foram tirados à força de suas terras de origem para uma vida de trabalhos forçados e degradação. A estimativa é que mais de quatro milhões de africanos foram escravizados no Brasil. O local é hoje é um sítio arqueológico aberto à visitação pública, que integra o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, na região portuária da cidade do Rio de Janeiro.
Revelado, em 2011, durante as obras do Porto Maravilha, o sítio é composto por vestígios do calçamento de pedras, construído a partir de 1811 para o desembarque dos africanos escravizados trazidos para trabalhar no Brasil, além de porto de pedra construído para trazer a princesa Tereza Cristina de Bourbon, esposa do Imperador Dom Pedro II, em 1843. A área corresponde a da atual Praça do Comércio e seus limites são a Avenida Barão de Tefé, a Rua Sacadura Cabral e lateral do Hospital dos Servidores do Estado. Nas cercanias do porto, havia armazéns, onde os negros recém-chegados eram expostos para venda, o Lazareto, local de tratamento dos doentes, e o Cemitério dos Pretos Novos, onde os que morriam logo na chegada eram enterrados.
O reconhecimento como Patrimônio Mundial ocorreu porque o Cais do Valongo é um testemunho de uma história que a humanidade não pode esquecer. O sítio arqueológico tem importância não apenas para a história brasileira, mas também para a história do mundo.
Por causa do título, o Comitê Gestor deverá atuar para desenvolver uma série de medidas de valorização do sítio, já previstas no plano de Gestão:
Centro de Interpretação
A implantação de um Centro de Interpretação terá como objetivo centralizar informações para o visitante, além de expor parte do acervo arqueológico encontrado nas escavações.
Sinalização e tratamento paisagístico
Segundo o Iphan, o projeto de sinalização explicativa do Cais do Valongo deverá contar com a instalação de um piso diferente, que irá indica pontos de referência no sítio.
Educação Patrimonial
O plano de Gestão prevê jornadas de educação, com criação de espaços de debates, trocas de experiências e reflexões sobre o sítio de memória e a herança africana na região portuária.
Pesquisa arqueológica
Com a pesquisa arqueológica, iniciada em 2011, foi confirmado o elevado potencial arqueológico da região. Parte dessa história da cidade ainda precisa ser escavada, e o aprofundamento do estudo é um dos pontos do compromisso do Comitê Gestor de valorização do Cais do Valongo.
Fonte: O Globo
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