23/06/2015 – Folha de São Paulo
A falta de previsibilidade da compra do imóvel (que pode ocorrer com o sorteio na primeira prestação ou só ao término do plano) e a perda de valor da carta de crédito sempre pesaram contra a adesão ao consórcio.
A questão do prazo pode ser contornada por meio de lances. Ainda assim, não há garantias de que o comprador receba o dinheiro quando precise, já que os outros consorciados podem fazer apostas maiores e levar a carta de crédito primeiro.
Marcelo Prata, do Canal do Crédito, site de comparação de produtos financeiros, afirma que quem tem pressa para comprar o imóvel deve dar lances em torno de 50% do valor total da carta de crédito para ter chances de antecipar a compra.
“Há pouco tempo, quem fazia um consórcio corria mais riscos de que a carta de crédito não fosse suficiente para a compra. Agora, como os preços dos imóveis pararam de subir tanto, o poder de compra do consórcio ficou melhor”, diz Prata.
Segundo Rodolfo Montosa, presidente da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio), o tempo de espera para colocar a mão no benefício, em média, é a metade do prazo do consórcio: se o cliente está em um grupo de 120 meses, por exemplo, a carta de crédito costuma vir em 60 meses. Mas não é uma regra.
O analista de suprimentos Marcelo Martin, 32, resolveu usar o prazo a seu favor. Ele e a namorada planejavam a compra de um apartamento usado via financiamento. Mas eles tinham menos do que o valor exigido pela Caixa para dar a entrada no imóvel, após a mudança nas regras de usados, e optaram por um consórcio, com parte das economias em lances.
“Como as taxas para financiamento bancário estão altas, decidimos descartar o imóvel que tínhamos encontrado e usaremos o tempo do consórcio para achar outro”, diz Martin.
Segundo Rafael Boldo, gerente da Porto Seguro Consórcio, essa tem sido uma estratégia ante a escassez de recursos da poupança (principal fonte de financiamento imobiliário) e às restrições de crédito pelos bancos.
SEGURANÇA
Em um consórcio, são os próprios participantes que se financiam. A administradora reúne grupos de interessados e eles pagam taxas de administração, seguro e fundo de proteção contra calotes.
A cada mês, uma ou mais pessoas são sorteadas para receber uma carta de crédito e continuam pagando as parcelas para financiar as compras dos demais. O consórcio pode durar mais de 16 anos.
O valor recebido pode ser usado para comprar e reformar a casa ou negociar um terreno. Também é permitido usar até 10% do benefício para pagar impostos ou na emissão de certidões do imóvel. Outra opção é o resgate em dinheiro da carta após o encerramento do grupo.
Antes de fazer um consórcio, é importante certificar- se se a empresa está autorizada a funcionar. O site do Banco Central (www.bc.gov.br) tem dados que auxiliam na escolha – como a lista das administradoras com maior número de queixas.
Caso atrase o pagamento das parcelas, o consumidor ficará de fora dos sorteios, mas ele pode procurar a administradora e tentar fazer um acordo. Se o consorciado ainda não tiver recebido a carta de crédito e achar que não vai conseguir pagar as parcelas até o fim, pode tentar mudar para um consórcio que tenha prestações menores.
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