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Quando o velho e bom desentupidor não resolve, o negócio tem que ser profissional

Entre as mil e uma possibilidades de situações que um síndico pode enfrentar e solucionar – sim, tudo tem solução – está a questão dos entupimentos. Tudo pode entupir, acredite. E como diz o sábio poeta desconhecido, “com estresse ou sem estresse o prejuízo será o mesmo”. Portanto, nada de estressar, o negócio é solucionar o problema da melhor forma.

Segundo Gustavo Rodrigues, gerente da desentupidora Rio Lisboa, o que mais costuma entupir nos condomínios são as caixas de gordura e colunas de descida de gordura: “As pessoas têm o péssimo hábito de deixar restos de comida descer pela pia da cozinha; inclusive óleo. Isso mais cedo ou mais tarde vai causar um dano”, ressalta.

Esse problema normalmente começa a dar sinais de vida com a água que não desce rapidamente e especialmente com aquele cheiro ruim que vem da pia. Ninguém gosta disso, mas poucos abandonam velhos hábitos. Rodrigues recomenda que o óleo de cozinha seja reciclado: “É fácil armazenar o óleo usado numa garrafa PET e encaminhá-lo para reciclagem. Há empresas que vão até os condomínios buscar esse material”, incentiva.

O gerente da Rio Lisboa indica a manutenção preventiva na canalização de águas servidas para evitar entupimentos problemáticos: “Usamos a máquina roto-rooter nas colunas dos prédios. Ela tem um cabo flexível de 20 metros que pode entrar por uma pia e consegue atingir até cinco andares, desobstruindo a canalização. A limpeza é mecânica”, explica. Apesar de o cabo ser flexível, o especialista avisa que encanamentos de ferro, os mais antigos, podem se romper: “Prédios com 50, 60 anos que ainda não reformaram seus encanamentos, substituindo o ferro pelo PVC, podem ter problemas com esse tipo de desentupimento.”.

Nesses casos específicos, a Rio Lisboa pede que o síndico assine um termo de responsabilidade para assumir os riscos de um cano quebrado no ato do desentupimento. “O fato é que esse tipo de tubulação vai enferrujando e os próprios resíduos muitas vezes entopem a canalização. Esse “afunilamento” acontece não só na entrada da água como na saída também. Como o risco de romper o cano é muito grande, é preciso que o síndico fique ciente do problema e se responsabilize”, sinaliza.

Não dá mais

Incrível como, nos dias de hoje, com tanta informação, as pessoas ainda cometem erros crassos ao dar destino a seu lixo. Rodrigues conta que casos recorrentes chegam à empresa todos os dias: entupimento de privada por descarte de preservativos, absorventes e cotonetes são mais comuns do que se pensa. “Mas já tive casos até de roupa íntima jogada na privada”, lembra Luís. Ao avaliarem melhor a situação, perceberam que possivelmente lembra. Ele acha impressionante que as pessoas ainda descartem cabelo e fio dental no vaso sanitário.
Há também quem ache que os cabelos que descem pelo ralo são inofensivos. Ledo engano. Cabelo tem que ir para a lixeira mesmo. Sobre isso o síndico Luís Carlos da Conceição Freitas, do Condomínio Conde de Cuiabá, na zona sul da cidade, pode falar com propriedade: “Determinado andar teve retorno de água no banheiro da suíte, que invadiu o quarto e estragou até a porta de um armário. Chamamos a empresa que faz a manutenção hidráulica do prédio que usou a máquina roto-rooter e tirou uma quantidade gigantesca de cabelo da tubulação”, lembra ele, que arremata observando que o condomínio teve que indenizar os estragos do apartamento atingido, afinal, não se podia identificar o responsável (ou responsáveis) pelo entupimento.

Esse prédio tem 32 anos, 5 andares, 10 apartamentos e cerca de 40 moradores e teve outro caso curioso: um morador teve problemas com retorno de água da mangueira do ar-condicionado. Imediatamente acionou o condomínio, que identificou que a mangueira do ar-condicionado dele estava ligada à tubulação de descida de água do terraço, o que não era exatamente o correto. “Mas a situação de qualquer forma acusava um entupimento na referida tubulação. Chamamos duas empresas e nenhuma conseguiu resolver. Nas tentativas vimos que muita terra descia no fim da canalização do terraço, que desembocava no play. Esta deveria ser exclusivamente para águas pluviais. Não fazia sentido tanta terra e um entupimento tão resistente”, lembra Luís. Ao avaliarem melhor a situação, perceberam que possivelmente uma obra ocorrida na cobertura tenha ocasionado o problema – os detritos que ela produziu provavelmente entraram no encanamento e causaram um entupimento praticamente irreversível.

Para desentupir, eles teriam que acessar o encanamento por dentro dos apartamentos até achar o local, ou os locais, de retenção. Isso representaria um quebra-quebra sem precedentes, afinal, o encanamento passava por dentro das unidades. A solução foi construir nova canalização, dessa vez externa.

Em função dessa forte possibilidade de responsabilidade, o proprietário da cobertura que havia feito recentemente uma grande reforma e usado o cano para escoar a água de seu ar-condicionado aceitou dividir o prejuízo com o condomínio.

Com ou sem pressão?

Entupimentos de privada são mais frequentes em dispositivos que usam a caixa externa de água. Isso é fato. Segundo Rodrigues, da Rio Lisboa, essas caixas economizam muito mais, mas têm menos pressão. Muitas vezes entopem por causa de excesso de papel higiênico. Daí a necessidade de usá-las com ainda mais responsabilidade.

Caixas de gordura

A Rio Lisboa recomenda que os condomínios façam a limpeza preventiva de suas caixas de gordura a cada seis meses.
“O caminhão vacol, que funciona a vácuo, suga todos os resíduos da caixa de gordura. Após seu completo esvaziamento, usamos desinfetante no local”, explica.

A prevenção é importante, mas o entupimento das colunas tem a ver com o que os moradores jogam na pia. “Por exemplo: pode haver retorno de água na pia de uma unidade sem ela estar sendo usada. Normalmente as unidades mais próximas da caixa de gordura são as que sofrem com isso. O morador do 501 pode estar lavando louça e a água sair na pia do 101. Isso é comum em casos de entupimento de coluna. Por isso o uso da tela nas pias é importante”, avisa Rodrigues.

Para finalizar, algo que confunde os moradores: retorno de espuma de máquina de lavar. Isso pode acontecer no tanque do vizinho do andar de baixo ou mesmo no térreo. O especialista explica que isso não é entupimento, é excesso de sabão usado na máquina mesmo. Nesse caso, menos é mais.

 

Bem estar e segurança
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