Ela, sem a qual não vivemos, está cada dia mais rara e cara. Na administração de condomínios, muitas vezes, nos perguntamos: por que pagar o mesmo que alguém que esbanja água? Por que ainda lavar carros e garagem com mangueira? O uso desses hidrômetros garante realmente economia? Para conversarmos sobre esse assunto urgente, ouvimos técnicos e síndicos.
Fábio Teixeira, síndico há dois anos do Condomínio Place Royal, localizado na zona sul e administrado pela CIPA, relata que os hidrômetros individuais não foram implantados em sua gestão, mas ele sabe da bem-sucedida campanha de esclarecimento sobre seus benefícios. No Place Royal, a cobrança das 12 unidades é feita pelo valor mínimo. Considerando que a Cedae cobra o mínimo de 500 litros/dia por apartamento, havendo consumo ou não, em alguns casos, a economia gerada por todos os apartamentos não reduz o valor final da conta (mesmo que o gasto seja menor, a cobrança será pelo valor mínimo). Para as unidades que consomem abaixo do mínimo, há compensação por quem consome mais. Ele recomenda que se observe o gasto dos últimos 12 meses antes de se optar pelo investimento. A leitura mensal é feita por radiofrequência pela empresa contratada, e a cobrança, enviada por meio de relatório individual para a CIPA, que a inclui no boleto de condomínio do mês seguinte. Segundo o valor da implantação dos hidrômetros, o parcelamento pode chegar a 60 meses. Há também relatórios comparativos de consumo, nos quais os desvios da média (o consumo maior ou menor que a média) são investigados mensalmente. No ato da leitura, pode-se detectar eventual problema dentro da unidade. Porém, raramente há necessidade de reparos. No Place Royal, desde a instalação do equipamento, há mais de 10 anos, apenas um hidrômetro foi trocado. Ali é terminantemente proibida a lavagem de carros e da garagem com mangueiras – a limpeza é feita com pano úmido, e Fábio Teixeira sugere que se coloque em votação, em assembleias, a restrição da utilização inadequada, condicionando o pagamento de multa para infratores.
A empresa Fortekk busca, desde 1993, soluções inovadoras que proporcionem qualidade em serviços e produtos, contribuindo para a organização e preservação dos recursos naturais, da saúde humana e do desenvolvimento econômico e tecnológico. José Lima, gerente comercial da Fortekk, garante que os hidrômetros individuais podem ser instalados em prédios antigos e novos. Nos antigos, a instalação pode ser feita nos ramais de água da unidade (área de serviço, cozinha e banheiro), abaixo de cada registro. Os equipamentos possuem sensores de telemetria, não sendo necessário que se entre na unidade para medir o consumo. A segunda opção é implantar nova rede hidráulica com interligação das prumadas do barrilete até as unidades. Assim, a tubulação das prumadas antigas é esvaziada e fechada. A nova instalação (retrofit hidráulico) contempla também a melhoria do encanamento do prédio. Ela é construída nas áreas comuns e percorre o corredor, acessando o interior da unidade pelo forro de gesso ou por sancas criadas até os registros internos. Em prédio novo, a instalação já obedece à lei e é entregue com hidrômetro.
A obra deve ter aprovação da maioria dos condôminos em geral, e não dos presentes. Porém, segundo José Lima, “atualmente, não há um consenso entre os especialistas do mercado quanto ao quórum para se aprovar a individualização. O importante é que o tema conste da convocação da assembleia e que fique claro o assunto que será debatido e decidido por todos. Não podemos falar em custo, mas, sim, em investimento. O ideal é que o condomínio opte, dentro de sua realidade financeira, por um serviço completo para evitar futuras revisões. O investimento é pago em pouco tempo, principalmente em virtude da economia na conta de água, que pode chegar a 50%. Além disso, também ganha o meio ambiente, pois todos passam a gastar conscienciosamente. Esse sistema agrega valor à unidade. De acordo com a empresa escolhida pelo condomínio, a conta de água é gerida em parceria, facilitando o trabalho do síndico, que poderá dar mais atenção a outros temas”.
Não há manutenção periódica, e a durabilidade depende da gestão. O equipamento instalado no interior da unidade é zelado pelo condômino. Quando em área comum, o condomínio deve assegurar que as instalações hidráulicas e os equipamentos sejam protegidos para que se preserve a garantia do serviço.
Na gestão do síndico Armando Smiths, do Máximo Recreio Condomínio Resort, também administrado pela CIPA, foram instalados hidrômetros individuais. Para ele, a maior vantagem é que cada condômino consegue saber quantos metros cúbicos consome de água. E garante: “Se cada um cuidar do que é seu, haverá economia geral de água. Para optar por esse equipamento, o condomínio deve fazer, primeiro, um estudo de custo e viabilidade de instalação. A durabilidade do equipamento não é menor do que dez anos.”. Nesse condomínio da zona oeste, cada hidrômetro possui um chip. A medição leva menos de cinco minutos. Quando a empresa chega ao condomínio, ela recebe um sinal em seu rádio, onde ficam armazenados os dados. Em dois dias ela parametriza o consumo, calcula individualmente o valor pela tabela da Cedae e envia um relatório ao condomínio.
A Acquameter, fundada em 2000, é a primeira empresa de engenharia brasileira a instalar sistemas de medição individualizada de água e gás em condomínios residenciais e comerciais, com técnicas modernas e pouco destrutivas para a medição em edifícios novos e antigos. A publicidade da empresa é convincente: “Se uma família não é igual à outra, por que a conta tem que ser?”.
João Martani, responsável técnico da Acquameter no Rio e em São Paulo, afirma que “os edifícios mais novos, com tubulação de PVC marrom ou de outro material soldável, têm opções de instalação práticas e com pouquíssimas intervenções. Os condomínios antigos, com tubulação e conexões de ferro, exigem intervenções um pouco maiores, porém, os resultados são excelentes. A instalação dentro das unidades habitacionais ou comerciais, independentemente da idade da edificação, é feita em apenas um dia. Após dez dias, são feitos arremates de gesso ou revestimento, se for necessário”. A maioria dos condomínios aprova a implantação dos hidrômetros individuais como obra necessária. E cita o artigo 96, do Código Civil, que define as benfeitorias úteis e necessárias: “As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias (…); §2º – São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem (quórum de 50% +1 dos condôminos adimplentes); §3º – São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore (qualquer número de condôminos presentes em assembleia). Se a individualização for a medida mais eficiente para sanar, muitas vezes com urgência, a integridade do bem, seja em seu aspecto material (vazamentos, instalação hidráulica precária etc.), no de sobrevivência econômica ou por exigência legal, a obra é necessária.”
Os custos dependem do número de prumadas hidráulicas no interior de cada unidade habitacional ou comercial e do tipo de sistema (baixa ou alta pressão). O orçamento é feito após vistoria de avaliação das instalações e do grau de dificuldade da obra. Para quase 70% dos condôminos, o retorno do valor investido retorna durante o período da obra. Para os outros condôminos, que consomem muita água (por serem populações maiores ou com hábito de consumo excessivo), o retorno acontece num prazo maior ou, muitas vezes, pela valorização do imóvel, que pode chegar a 12%. Para condomínios antigos, com tubulação ou conexões de ferro, o retorno da implantação dos hidrômetros individuais é altíssimo, pois se eliminam manutenção e gastos com prumadas de ferro ou PVC branco com conexões de ferro. A tubulação antiga é desativada dentro das paredes e não causa transtorno com troca de prumada ou barbará. A maior parte dos condomínios passa a economizar de 20% a 30% do volume de água. E a conta de água reduz quase 50% porque é eliminado o volume consumido nas faixas tarifárias mais caras da concessionária. A durabilidade é indeterminada. Recomenda-se que hidrômetros, por desgaste e possibilidade de submedição, sejam trocados a cada oito anos, por um custo baixo. Manutenção e medição são feitas por empresas, como a Acquameter. O condomínio se desonera do problema “consumo de água”, pois a responsabilidade de economizar e manter seus equipamentos hidrossanitários em boas condições passa a ser dos próprios condôminos.
Conscientizando
Em função das inúmeras dúvidas que ainda permeiam o tema, Gisele Veras, diretora comercial da Acquax do Brasil há mais de 10 anos, faz palestras com o intuito de informar como funciona a individualização e também para ajudar na conscientização de crianças e adultos no consumo de água. Dicas e informações sobre economia e manutenção nas pontas de consumo também são abordadas em suas palestras.
A empresa tem mais de 150 mil hidrômetros instalados, tendo em seu portfólio mais de 400 prédios com obras de retrofit hidráulico executadas (readequação hidráulica para um único
ponto de abastecimento) e a gestão e medição de 40 mil pontos, atendendo a mais de 400 clientes (condomínios) distribuídos nos estados em que a empresa está presente.
Gisele explica que existem três modalidades de individualização de água: “previsto – em que a construtora deixa o barrilete pronto para a instalação dos medidores; interno – quando há a instalação de medidor abaixo de cada registro interno da unidade e a leitura é totalizada pela soma do consumo dos medidores; retrofit – é a realização de obra civil hidráulica, com elaboração de novo barrilete, em que o condomínio terá uma nova tubulação até os pontos de abastecimento do apartamento e o medidor é colocado na área externa dos apartamentos.
A especialista diz que, apesar de a instalação interna ser relativamente mais rápida, ela não promove os principais benefícios da individualização, que só ocorrem com as modalidades Previsto e Retrofit. Em casos de vazamento numa unidade, poder fechar a água somente da unidade com problema é uma vantagem.
Segundo Gisele, a individualização e a modernização hidráulica só trazem benefícios: reduzem vazamentos, facilitam a manutenção e a detecção de fraudes, pelo fato de o medidor estar localizado em área externa da unidade. “Logo após a obra, há a redução imediata no consumo do condomínio, e dependendo da forma de pagamento, o condômino que consome pouco já paga a obra com a própria economia. Além do quê, com as novas tecnologias e conhecimento técnico, a reforma em prédios pode ser feita com qualquer configuração, qualquer tipo de descarga e com o mínimo de tempo de execução, em comparação com anos atrás”, finaliza.
Eliminador de ar da tubulação de água
Foi publicada recentemente a Lei Municipal nº 6.634/2019, que permite ao consumidor instalar equipamento eliminador de ar da tubulação de água, com o objetivo de redução da conta de consumo. O consumidor pode notificar a concessionária para que esta instale o aparelho, e seu custo pode ser parcelado nas contas futuras em até quatro vezes. Caso a concessionária não instale o equipamento no prazo de 30 dias, a conta de água deverá ser reduzida em 20% em relação à conta de água do mês anterior à solicitação, sendo esse desconto mantido até a instalação do eliminador.
Os hidrômetros a serem instalados, após a promulgação dessa lei, deverão ter, conjuntamente, o eliminador de ar inserido no ramal de entrada.
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