Empresários unem forças para impulsionar ainda mais a região
Ipanema sacudiu a poeira e, devagarinho, vem dando a volta por cima. Depois de todo o baixo-astral que a crise causou, o bairro pulsa novamente com a chegada de uma turma destemida que não se abala diante de tempos incertos. Há algo diferente praticamente a cada esquina: novas lojas, bares e restaurantes — a energia, definitivamente, é outra naqueles charmosos metros quadrados, que desde os anos 1970 está na vanguarda, lançando modismos. Um grupo de empresários, inclusive, uniu forças para impulsionar ainda mais a região, num esforço com perfume de retomada.
Em pouco mais de um ano, Handred, Augustana, The Paradise, Keymono Project (quatro crias do Veste Rio, uma iniciativa da Revista ELA e da Vogue Brasil), Roberta do Rio, o coletivo AfroCriadores e Luiza Botto abriram espaços físicos no bairro. Esta semana, é a vez de Betina de Luca e Waiwai. Nos próximos meses, a Foxton trocará a Garcia D’Ávila pela Visconde de Pirajá. A cena gastronômica também anda agitada: Empório Jardim da Praia, L’Atelier Mimolette, Maria e o Boi, KoBa Izakaya e T.T. Burger (que, aliás, ocupa o endereço que foi da Forum durante muito tempo) desembarcaram por ali.
— O Rio, de uma maneira geral, vive uma situação complicada, de violência latente, mas acreditamos nesse movimento de rua novamente. Ipanema tem um potencial enorme, é uma vitrine para o Brasil e para o mundo, já que muitos turistas passam pelas ruas do bairro — diz Rodrigo Ribeiro, da Foxton. — Ipanema vem resgatando seu charme, que tinha sido deixado de lado.
Para Thomaz Azulay, da The Paradise, existe uma vontade nas pessoas de colocar a “cara a tapa”.
— Tradicionalmente, a região é lugar de comércio bacana e novidades da cidade. Ao contrário dos anos 2000, quando o legal era o estilista abrir um pequeno ateliê na Gávea e ficar esperando o cliente aparecer, hoje precisamos ser vistos para vender. Este boom também está relacionado à economia. O mercado de aluguéis estava impraticável, com luvas e preços exorbitantes; agora estamos passando por um processo de normatização e adequação. Não dá para ser irreal. Um mais um é igual a dois, aí fechamos a conta — diz Thomaz, que toca a grife com Patrick Doering.
Antes de inaugurar a primeira loja de sua Augustana, Natalia Paes fez uma busca minuciosa pelo Jardim Botânico, mas apostou na força comercial e no fluxo de Ipanema, estabelecendo-se num cantinho na Avenida Henrique Dumont.
— Abri as portas em dezembro, e as vendas superaram as minhas expectativas — comemora ela, destacando que o mercado imobiliário “sentiu muito” a crise e ficou flexível na hora de selar negociações deste porte. — Procurando, achamos boas oportunidades; e é preciso coragem para arriscar, se juntar com os vizinhos para promover eventos.
Comunidade GD
Há alguns meses, Rodrigo Aquim, sócio da Chocolate Q, e outros lojistas decidiram, em conversas informais, aproveitar o enorme potencial da Garcia D’Ávila como marca para criar a Comunidade GD. O objetivo é retomar o comércio de rua, que, segundo eles, é o que mais sofre com a crise econômica e com a falta de segurança.
— Estamos no começo, mas já demos alguns passos importantes, como a organização de um evento mensal aos sábados. O próximo, inclusive, marcará a chegada da primavera e vai coincidir com a ArtRio. Como cidadãos e empresários, temos a tarefa de fazer algo pela cidade. Só reclamar não transforma. É preciso agir, e nós assumimos esse papel. O primeiro grande fruto é a mobilização das pessoas, perceber que o senso de comunidade pode provocar coisas boas. Já temos a adesão de mais da metade dos lojistas e acreditamos que outros irão se juntar a nós — ressalta Rodrigo, acrescentando que o plano do grupo é incluir a praia e a Lagoa no sistema no verão.
Sentado a uma das mesas do T.T. Burger, seu empreendimento com Thomas Troisgros, Deco Meisler conta que escolheu Ipanema para abrigar não apenas a flagship do negócio, mas também uma espécie de complexo gastronômico (com outras casas e fornecedores), que ocupa os três andares do número 422 da Barão da Torre.
— É importante que o carioca compre o próprio Rio. Estamos com a autoestima baixa depois de todos os escândalos políticos e da situação em que nos deixaram. É essencial desenvolver valores, para que a gente saia de casa e sinta orgulho de ter nascido aqui — diz Deco.
Para a estilista Luiza Botto, Ipanema está “renascendo”:
— Muitos empresários estão confiantes na reestruturação do bairro após diversas obras, incluindo a ampliação do metrô, que interditou a Praça Nossa Senhora da Paz por um período. As pessoas voltaram a ter aquela vontade de passear e conhecer as novidades, retomando aquele agito de antes.
A animação é tanta, que, no meio da sessão de fotos desta reportagem, alguns estilistas começaram a planejar um desfile, aberto ao público.
— Ipanema é sempre moda, um bairro que sintetiza um Rio cosmopolita, criativo, autêntico e de vanguarda — resume Rodrigo Aquim.
Fonte: O Globo
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