Verão combina com sol, praia e mar. Delícia, né? Mas e à noite? Verão precisa de ar-condicionado, geladeira na potência máxima, ventilador e outros aparelhos que sugam energia para funcionar. E é exatamente aí que está o problema.
O verão chegou e a estação mais esperada pelos cariocas é motivo de alegria para a maioria dos moradores da cidade, mesmo com o calor quase insuportável que assola o Rio de Janeiro. Se por um lado existe uma “discussão” sobre quem gosta da estação ou não, por outro, há uma unanimidade incontestável: o calor incomoda. E muito. E é exatamente aí que começa o problema. Para tornar o clima mais ameno, só com muito ar-condicionado, ventilador, geladeira, gelo etc. Mas e na hora de pagar esse consumo? Com o valor da energia elétrica cada vez mais alto, não é difícil uma conta de luz chegar aos quatro dígitos durante o verão. Nos últimos anos, muito se ouviu falar sobre outras fontes de energia, como a solar, que utiliza a luz do sol para ser gerada. Entretanto, o custo da instalação do equipamento para a captação dessa energia fez com que as pessoas não dessem muita atenção a ela. Mas o tempo passou, o calor aumentou e a crise do setor energético se agravou. O resultado de tudo isso: mais e mais locais têm se interessado em instalar sistemas de energia solar.
Condomínios miram na redução de energia
Embora muito se fale sobre energia solar, a maioria das pessoas tem dúvidas sobre como funciona o sistema, se alimenta qualquer tipo de aparelho, se existe uma área mínima para sua instalação e, no caso dos síndicos, como os condomínios podem usufruir desse tipo de captação de energia para diminuir os custos.
Sérgio Pitanga Lopes, síndico há seis anos do Condomínio Sunshine, na zona oeste da cidade, que conta com dois blocos, 120 unidades e aproximadamente 340 moradores, conta que, há cerca de um ano, o interesse nesse tipo de instalação tem se tornado mais presente, com o objetivo de diminuir os custos do condomínio, tendo uma energia mais segura, eficiente, acessível e com melhor custo-benefício. Entretanto, a ideia ainda não foi passada para a maioria dos moradores. “Acreditamos que será uma sugestão bem aceita. Afinal, vamos levantar os custos e apresentar a solução. Temos uma experiência de sucesso com captação de água da chuva e espero que se repita com energia solar”, explica Sérgio
Mas apesar de estar convencido de que será uma boa ideia, o síndico do Sunshine tem dúvidas sobre custos, onde as placas serão colocadas e como os condomínios que já instalaram o sistema o avaliam. “Nossa pretensão é usar a energia gerada pela luz do sol principalmente nas áreas comuns. No momento, o objetivo não é alimentar os apartamentos para o consumo de cada um”, complementa.
Dúvidas sanadas
Uma pergunta frequente entre os síndicos é sobre a área mínima para a instalação do equipamento de energia solar. Na Green Solar, que fornece sistemas solares fotovoltaicos e térmicos, por exemplo, o menor sistema comercializado é composto de seis módulos, utiliza uma área de 12m² e é formado por três equipamentos: módulos fotovoltaicos, inversores e transformadores. A potência de cada um depende do tamanho do sistema adquirido e da rede do cliente – 127/220/380V – e pode suprir de 10% a 100% do consumo, dependendo do projeto Para entender melhor, a energia gerada pelo sistema é inserida na rede da residência ou do condomínio, entrando em paralelo com a rede da concessionária, podendo suprir até 100% do consumo momentâneo ou parcial. Sendo parcial, o restante da energia necessária será fornecida pela rede da concessionaria. “A energia gerada pelos painéis é em CC (corrente contínua). O equipamento inversor tem a função de converter essa corrente para CA (corrente alternada), ficando idêntica à corrente de que todos os aparelhos eletrônicos necessitam”, conta Maurício Ribeiro, diretor comercial da Green Solar.
Eduardo Konze, diretor de marketing da Energia Pura Empreendimentos Ltda., empresa de venda e instalação de sistemas eólico e solar fotovoltaicos, lembra, ainda, que a instalação e o funcionamento do sistema solar fotovoltaico são simples e não requerem alterações no esquema elétrico atual do condomínio. Além disso, não existem custos de manutenção, apenas limpeza periódica a cada três meses para melhor aproveitamento dos raios solares.
E em períodos sem sol? É importante lembrar que esse equipamento não armazena energia, pois não tem corpo de baterias. A energia gerada excedente é direcionada para a concessionária e pode ser armazenada por até três anos, possibilitando sua utilização nos meses de chuva ou de alto consumo.
Outra informação importante é que, segundo Maurício Ribeiro, edifícios de qualquer porte estão aptos a receber energia solar. Eduardo Konze complementa, explicando que é possível instalar em qualquer local, porém, quanto mais espaço, mais painéis e, consequentemente, mais energia gerada. E se um apartamento resolver, mesmo sem o condomínio possuir tal sistema, instalá-lo em seu local? A regra é a mesma. Havendo espaço para a colocação dos módulos, sim, é possível. É bom lembrar que a geração de energia solar nada tem a ver com calor. “O calor é inimigo do sistema, pois ele funciona com luz solar”, explica Eduardo Konze. Maurício Ribeiro faz coro: “Os módulos fotovoltaicos necessitam da radiação do sol. Quanto mais sol e menos chuva, mais geração de energia”, diz.
Wilson School, diretor da WGA Engenharia e Gestão Ltda., parceira da Green Solar e que faz projetos de redução de consumo, comenta como é importante desenvolver estudos específicos para cada construção. “Para adotar medidas de redução de consumo e sustentabilidade, sugerimos aos síndicos que contratem um estudo específico para cada empreendimento, com profissionais especializados. Esse documento gera uma série de medidas e orientação para se obterem redução substancial do consumo de água e energia elétrica, otimização da iluminação natural, conforto térmico e cogeração de energia.” Custos cada vez menores
Os custos de instalação já não são mais os mesmos que os de alguns anos atrás. Maurício Ribeiro explica que, hoje, levando em consideração um prédio com consumo de 2.000 kWh, o projeto fica em torno de R$ 135 mil. “Para elaborar uma proposta comercial consistente, são necessários o envio da conta de energia e a área disponível para a instalação. O custo do equipamento varia de acordo com as alterações cambiais, pois trabalhamos com equipamento importado.” Ele conta, ainda, que o mercado mundial de energia fotovoltaica está fornecendo, atualmente, equipamento com preços menores que os de 2012. Além disso, em 2015, também foi aprovada a isenção de alguns impostos para equipamento solar, o que diminui o valor final.
Essa redução tem feito os condomínios, sejam comerciais, sejam residenciais, aderirem mais à energia solar. Para se ter uma ideia, segundo dados de outubro deste ano da Agência Nacional de Energia Solar (Aneel), a geração distribuída superou a marca de mil adesões de consumidores. Ao todo, são 1.125 conexões no país, que representam potência instalada de 13,1 megawatts (MW). A fonte mais utilizada pelos consumidores é a solar, com 1.074 adesões, seguida da eólica, com 30 instalações.
E esse sistema tem mais um atrativo: tirando os custos de instalação e equipamento, “a energia gerada pelo sistema fotovoltaico não tem nenhum custo fixo mensal e não requer manutenção periódica. Dessa forma, após o retorno do investimento da compra, a energia gerada é gratuita”, lembra Maurício, da Green Solar. E quanto ao retorno do investimento inicial? Segundo especialistas, o retorno total acontece entre cinco e nove anos.
Compensação da energia
Estamos em uma crise de energia no Brasil e isso não é segredo. Por isso, o Governo tem incentivado as pessoas a adotarem fontes de energia alternativas, como solar, eólica, biomassa, hídrica e cogeração qualificada.
A Resolução Normativa nº 482/2012, da Aneel, é a regra que estabelece as condições gerais para o acesso de micro e mini geração aos sistemas de distribuição de energia elétrica e cria o sistema de compensação de energia elétrica, que permite ao consumidor instalar pequenos geradores em sua unidade consumidora e trocar energia com a distribuidora local. Funciona da seguinte forma: a unidade geradora instalada em uma residência produzirá energia, e o que não for consumido na própria residência será injetado no sistema da distribuidora, gerando créditos que serão utilizados para diminuir o valor da fatura de energia elétrica e para abater o consumo dos meses subsequentes. Os créditos poderão ser usados em um prazo de 36 meses e as informações estarão na fatura do consumidor, a fim de que ele saiba o saldo de energia e tenha controle sobre sua fatura.
Dados fornecidos pelo site da Aneel informam que um consumidor cuja conta era de R$400 teve uma redução para R$80, ou seja, uma economia entre 75% e 80%. Segundo ele, o sistema tem uma previsão de cobrir os custos de instalação entre seis e oito anos e uma vida útil de aproximadamente 30.
Para incentivar ainda mais a adesão de novos consumidores a esse tipo de energia, a mesma resolução está passando por revisão este ano. Entre as mudanças propostas, estão a ampliação das fontes de energia participantes do sistema de compensação; a possibilidade de que consumidores localizados em áreas contíguas, como condomínios residenciais e comerciais, possam participar do sistema de compensação; a não cobrança do custo de adequação da medição; a redução do tempo e do custo do consumidor para se adaptar à micro ou mini geração, entre outras soluções Segundo Maurício Ribeiro, existem diversos programas a serem aprovados em Brasília, como o desconto no IPTU para quem aderir a esse tipo de sistema. Porém, no Rio de Janeiro, ainda não foi aprovado. Resta esperar e * torcer para os governantes do estado começarem a pensar, assim como os síndicos, nas vantagens da energia solar.
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