
O ano novo desperta até nos mais desanimados aquela vontade de colocar a casa em ordem, e com os síndicos não é diferente. O fôlego do início de um novo ciclo traz a vontade de resolver os problemas para que o ano corra mais tranquilamente. No caso dos síndicos, as pendências podem ser muito variadas, já que eles são os responsáveis por todo o funcionamento do condomínio. Olhando pelo ponto de vista visual, o que mais chama a atenção nos condomínios é a fachada. Não há como negar, ela é a primeira impressão de quem chega e, por isso, deve receber atenção especial. Mas qual é a melhor época para fazer manutenção nessa área tão importante do condomínio?
Muitos síndicos acreditam que a melhor época para esse tipo de obra é o verão, mas Eduardo Mataranga Teixeira, sócio-diretor da Matarangas Engenharia e Sistemas, empresa que atende todo o Rio de Janeiro, oferece todos os serviços na área de manutenção predial e é especialista em revitalização de fachadas, explica que, na realidade, esses serviços podem ser feitos durante todo o ano. “Podemos destacar que as melhores condições de clima para a realização de obras de reforma na fachada são temperaturas amenas e um período de pouca chuva, e essas características se enquadram justamente no outono. Os síndicos devem atentar que, durante os períodos de chuva, as obras levarão mais tempo para serem finalizadas, e que alguns locais do condomínio ficarão interditados. Dias de calor severo e sol podem comprometer a pintura e originar fissuras e descascamentos pela rápida evaporação da água presente na tinta, causando transtornos futuros para o edifício. O inverno e o outono são as épocas mais aconselháveis para esse tipo de serviço, visto que o volume de chuvas diminui consideravelmente e temos uma temperatura mais amena, que possibilita a execução tanto de obras nas fachadas como de impermeabilização nas áreas externas. Isso evita interdições de playground, piscina e reservatórios em período de maior utilização e causa menos transtorno aos moradores. A umidade não representa grandes riscos para realizar obras na frente dos prédios, porém, em locais com alta umidade, pode haver a formação de patologias associadas, como o limo”, explica.
A engenheira civil Natasha Mataranga Teixeira alerta para que algumas providências sejam tomadas quando o tempo esiver ruim: “Quando isso acontecer, é necessário, por exemplo, esperar dois dias até que a superfície a ser recuperada esteja totalmente seca, para que o processo seja reiniciado. Outro fato importante a ser lembrado é que quando a temperatura está muito alta não é recomendável a pintura das superfícies, visto que podem ocasionar fissuras e, consequentemente, desprendimento da tinta.”. Natasha ainda explica que é possível mudar o visual do prédio e realizar algumas obras no verão, e a melhor parte é que isso ainda pode ter um custo mais baixo. “A pintura, mesmo que sob superfícies cerâmicas e/ou pastilhadas, é uma forma barata, e se executada dentro da boa técnica, torna-se se-
gura. Na repintura de fachadas, é sempre bom promover a mudança de cor, pois, desse modo, conseguimos caracterizar a revitalização dessa área e, assim, ressaltar a mudança”, explica.
Com a palavra: o síndico
À frente do Condomínio Cheverny, localizado na zona oeste do Rio, está o síndico Miguel Renato Castellani há cinco anos. O prédio conta com apenas um bloco composto de 10 unidades, sendo duas coberturas. Em setembro do ano passado, o síndico fez uma revitalização na fachada do prédio. “A obra levou apenas sete dias, e não tivemos problemas, pois consultei antecipadamente o Climatempo para a realização desse serviço, até porque, para maior segurança e em se tratando de montagem de andaimes e pessoas em cima, mesmo usando cinto de segurança, tínhamos que nos resguardar de vários riscos e realizar um trabalho com total segurança. Antes de tudo, limpamos todo o granito com jatos de água para a remoção de sujeira; posteriormente, entramos com o rejuntamento acrílico em todas as frestas e, para finalizar, utilizamos um impermeabilizante. Além disso, verificamos o estado e a fixação de todas as placas de granito da fachada”, conta.
O síndico ainda diz que precisou fazer a obra por vários motivos. “A cada cinco anos é necessário fazer uma revisão habitual. Assim, corrigimos ‘escorridos’ e pontos esbranquiçados nas pedras, consertamos as rachaduras e fizemos rejuntamento em vários pontos em que havia infiltração. Por fim, foram aplicados um impermeabilizante de boa qualidade para proteção contra água e um acabamento visual excelente”, diz. Castellani ainda destaca a importância de contratar uma empresa especializada para realizar esses serviços. “Eu mesmo pesquisei e escolhi uma empresa para essa obra. A grande importância em contratar uma especialista para reformar a fachada é saber que você pode ficar tranquilo no que diz respeito ao item segurança contra acidentes dos profissionais envolvidos, pois, mesmo com todos os equipamentos de segurança, eles ficam a 10 metros do chão – em nosso caso, um prédio de três andares –, em cima de apenas duas placas fixadas no andaime, além de outros riscos”, explica.
Reforma da fachada é coisa séria
O engenheiro civil Thales Fanurio explica que não é qualquer profissional que pode executar obras em fachada. “Somente os legalmente habilitados e registrados em seu devido conselho profissional podem fazer esse serviço, como engenheiros civis. Portanto, quando uma empresa é contratada, o síndico deve verificar se ela tem um engenheiro civil em seu quadro técnico, registrado no CREA-RJ, para fornecer ao contratante a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), que assume a responsabilidade pela qualidade e execução do serviço, de acordo com as normas técnicas vigentes. Além da qualificação profissional do responsável técnico, a empresa deve fornecer treinamento e realizar o NR-35, um curso que apresenta procedimentos práticos e teóricos sobre o trabalho em altura, direcionado para os funcionários, com carga horária de, no mínimo, oito horas. É recomendado pedir a certificação desse curso para as empresas que farão a concorrência de preços para executar os referidos serviços no edifício, a fim de resguardar o condomínio de qualquerparalisação da obra diante de fiscalização do Ministério do Trabalho. Devemos cuidar para que sempre sejam seguidos todas as normas e procedimentos de segurança para garantir a integridade de funcionários, moradores e transeuntes. Assim, ao contemplar esses itens, a empresa estará apta a realizar obras de fachada”, explica.
Fanurio ainda deixa outras dicas para o síndico não dar bobeira quando for reformar ou revitalizar essa área tão importante do condomínio:
• é imprescindível a realização de um escopo dos serviços solicitados para que todas as empresas consigam avaliar os itens pedidos, para que o preço entre elas não varie muito e o síndico não tenha surpresas;
• fuja de empresas que não trabalham com funcionários registrados e treinados, pois, além de não serem regularizados, provavelmente, eles não são capacitados com o curso NR-35;
• cuidado com as empresas que trabalham com equipamentos que não são aprovados pelo Ministério do Trabalho, como as cadeirinhas de madeira;
• fique de olho nas falhas construtivas e reveja pingadeiras e proteções para aumentar a vida útil da pintura da fachada, que tem garantia mínima de dois anos.
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