Instalação de drenos é bem-vinda, desde que bem-feita
Que pinga pinga de ar-condicionado é algo insuportável todo mundo concorda. Nessas horas, a gente quer o problema resolvido imediatamente, que o dono do ar que incomoda durma no calor até que resolva sua questão. Mas e quando o problema é nosso? Será que topamos dormir no calor? Será que solucionamos o pinga pinga rapidinho por respeito aos vizinhos?
Sabemos que não é bem assim que acontece, e talvez até por isso mesmo que, há alguns anos, alguém teve a brilhante ideia de fazer instalações hidráulicas com drenos para a captação das águas de condensação dos aparelhos, para evitar que essa água caia onde quiser e perturbe qualquer um. Graças a Deus muitas pessoas copiaram essa ideia e a aperfeiçoaram. Isso porque algumas dessas estruturas são muito bem-feitas, mas outras deixam a desejar.
Muita gente começou a fazer o serviço de forma mambembe, e o que poderia ser ruim ficou pior ainda. O fato é que quando a água coletada é direcionada para um ralo, ela está tendo um destino correto. E quando ela está caindo na varanda do morador, não necessariamente no ralo?
Quem vive essa experiência há anos é Maria da Glória Seidl, moradora de um condomínio na zona sul do Rio. Na época da instalação dos drenos, Glória achou a ideia boa, mas o resultado não a agradou. “Moro há 40 anos aqui, e quando foi feita a obra, achei a ideia boa, mas o jeito que fizeram não me agradou. A estética não é boa, além do quê, o cano que coleta a água deságua no piso de minha varanda, e não diretamente no ralo.”
Nesse condomínio o sistema não é único, não leva a água coletada até o térreo. Cada apartamento tem seu sistema e ele direciona a água para a varanda do morador. Fora isso, segundo Glória, nunca houve manutenção alguma: “O problema do pinga pinga não foi resolvido, pois os canos entopem e transbordam, gerando incômodo da mesma forma. Cansei de fazer reclamação no livro e as providências não foram satisfatórias. A síndica mandava apenas e-mails e circulares, que nunca resolveram nada. Cheguei a colocar bilhete na porta dos moradores pedindo solução, mas ouvi até grosseria de um deles”, lembra.
Para conseguir dormir em paz, a solução de Glória foi retirar o ar tradicional e colocar um split. A máquina foi direcionada para a varanda, que, por ser coberta, protege o aparelho de qualquer pinga pinga.
Pelo que foi relatado pela entrevistada, podemos perceber que esta não foi uma obra feita por alguém que entendia do assunto. Aliás, Athanase Koukolis, administrador e engenheiro responsável da AGK Engenharia, é um entusiasta do método de instalação de drenos de coleta de água gerada pelos aparelhos de ar-condicionado. “Minha empresa é especializada em recuperação estrutural, obras de fachada, instalações hidráulica, de incêndio e de drenos para a coleta de água de ar-condicionado”, explica ele, dizendo que a diferença nesse último quesito é que a AGK tem um olhar diferenciado para essa instalação. “Usamos bitola de 40mm, mais larga do que a da concorrência, que normalmente usa de 25mm. Isso para evitar que o encanamento entupa, pois os aparelhos descarregam detritos deles mesmos, como ferrugem, por exemplo, e tudo vai para a tubulação. E quando entope, tem que fazer a manutenção por fora do prédio, instalar cadeirinhas suspensas etc. Não é como um entupimento dentro do apartamento”, sentencia.
A AGK já recebeu várias solicitações de serviço de conservação por parte de síndicos que fizeram esse tipo de obra com outra empresa e que, só na hora do problema, perceberam que a obra estava malfeita. “Algumas vezes, não tenho condições de agir. Já recusei trabalho porque não teria como fazer manutenção numa bitola tão estreita e mal posicionada”, lembra.
Aliás, o posicionamento da tubulação é fundamental para recolocar, por exemplo, a mangueira de um aparelho no lugar caso ela se desloque com alguma ventania, por exemplo. “E tubulação inclinada e fina, além de ficar feio, não é funcional”, arremata. Nesse caso, o síndico entendeu a problemática e resolveu refazer todo o sistema com a AGK.
O engenheiro é cuidadoso com cada solicitação feita à AGK: “Para cada prédio faço um projeto diferente. Realizo uma avaliação precisa sobre a alternativa mais indicada para a melhor instalação dos drenos. Apresento-a ao síndico e ouço as sugestões dele também”, explica.
Não basta um bom projeto
Koukolis pensa nos mínimos detalhes para que seus clientes fiquem totalmente satisfeitos não só na entrega da obra, como também com o passar dos anos, que é quando muitos problemas começam a acontecer. Além de pensar na bitola do cano de PVC, na localização perfeita para a instalação dos drenos, ele também avisa: “PVC exposto ao sol resseca. Então, o material que uso é pintado, pois a tinta protege do ressecamento. Se o cano ressecar, quebra e perde a função”, finaliza.
Pensando no assunto
Sérgio Pitanga, síndico desde 2009 do Condomínio Sunshine, na zona oeste, está pensando seriamente em instalar o sistema de drenos em seu condomínio: “Não temos drenos aqui, e o pinga pinga gera muita dificuldade entre os moradores. É um fator de atrito”, diz.
O condomínio tem oito andares e 120 apartamentos do tipo dúplex divididos em dois blocos. “Muitas vezes, o morador chega à noite do trabalho, liga o ar-condicionado do quarto, que fica no segundo andar do apartamento, e, tempos depois, quando o pinga pinga começa, ele já está isolado no quarto e não ouve mais nada”, explica ele, lembrando que algumas pessoas incomodadas chegam a colocar panos na janela para amortecer o barulho.
Aí o interfone começa a tocar porque alguém que já está sendo incomodado reclamou com o porteiro, que ligou para avisar e pedir para desligar o ar que pinga. Mas o que fazer quando nem o interfone se ouve?! Pitanga notifica pedindo solução: “Nunca cheguei a multar, as providências sempre foram tomadas antes. Mas esse é um problema recorrente e, por isso, já estou pesquisando empresas que possam resolver a questão com a instalação de drenos”, avisa.
Claro que o prejuízo emocional de quem não consegue dormir com o barulho na janela conta, mas o síndico lembra que o pinga pinga gera também prejuízo financeiro: mancha a pintura do prédio.
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