No meio do caminho tinha uma pedra portuguesa. Solta. Uma não, muitas. Os incontáveis buracos que a cada dia aparecem nos passeios do Rio de Janeiro expõem cariocas e turistas, especialmente idosos, deficientes visuais e cadeirantes, a riscos iminentes de quedas e fraturas. E refletem falhas na manutenção dos mais de 1,2 milhão de metros quadrados desse tipo de calçamento – o maior do mundo – trazido de Portugal pelo prefeito Pereira Passos em 1906.
Os problemas acarretados pelas crateras em uma das belezas arquitetônicas mais tradicionais da cidade – que são, em alguns trechos, como na Avenida Atlântica, tombadas como patrimônio histórico – fizeram o governo municipal anunciar duas medidas: a criação de um novo modelo de calçada para o município, e a abertura de uma escola para formar calceteiros especializados em pedras portuguesas.
A Praça Serzedelo Correa, em Copacabana, será a primeira a ganhar piso em blocos pré-moldados intertravados de concreto, que deverá ser copiado nos 36 milhões de metros quadrados de pavimentos para pedestres nos bairros. A ideia é polêmica. Críticos e historiadores temem que a prefeitura passe como um rolo compressor sobre o centenário e famoso conjunto de mosaicos.
O secretário municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma), Rubens Teixeira, garantiu que a pasta vai poupar as pedras portuguesas. O secretário adiantou, porém, que áreas “já descaracterizadas” ganharão o novo padrão. A iniciativa é fruto de um Termo de Cooperação Técnica entre a Seconserma e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
“Temos grande preocupação com a questão. Faremos campanha de conscientização para que cada um entenda e assuma sua responsabilidade na manutenção de calçadas”, adiantou Rubens.
O historiador Milton Teixeira sugere que associações de moradores e entidades de defesa do patrimônio arquitetônico fiscalizem de perto. “O calçamento de pedras portuguesas já está descaracterizado em muitos endereços. Sendo assim, vão meter cimento sobre artes que ajudam a contar a história do município?”, questiona.
Outro historiador, Nireu Cavalcanti lembra que foi no fim dos anos 1960, que a Avenida Atlântica passou por sua última e definitiva reforma. “O artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx triplicou o tamanho das calçadas e o desenho de ondas, antes perpendicular, passou a ser paralelo à praia”.
Cadeirante, a funcionária pública Monique Pegado, 33, se acidentou num buraco, em Copacabana, e machucou a testa. “Bastou um segundo de distração”, lamentou. Antes, um grave acidente com a atriz Beatriz Segall, que teve o rosto todo machucado, aos 87 anos, em uma calçada da Gávea, em 2013, já chamava a atenção para o mau estado da pavimentação.
Fonte: Jornal O Dia
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