A alta taxa de desemprego do país – são 13,7 milhões de pessoas à procura de trabalho – aumentou a contratação e o uso de seguros que cobrem o pagamento de contas em caso de perda de fonte de renda. Há produtos para resguardar desde a cota do condomínio até a mensalidade do curso universitário. De acordo com seguradoras e especialistas, quem contrata não quer apenas evitar a inclusão do seu nome no cadastro de devedores, mas, principalmente, manter a rotina da família, reduzir o risco de interrupção dos estudos ou de comprometimento do imóvel com dívidas em caso de desemprego. Instituições de ensino, imobiliárias e redes de varejo também passaram a ofertar esse tipo de seguro aos consumidores para se proteger da inadimplência.
As regras para acionar o seguro e a extensão da cobertura variam muito entre produtos e seguradoras, o que recomenda atenção extra na hora de firmar o contrato, diz José Varanda, professor e coordenador da graduação de Gestão de Seguros da Escola Superior Nacional de Seguros. Ele alerta que, na maioria das vezes, o seguro para desemprego ou perda de renda é uma cobertura adicional de apólices para caso de morte ou invalidez.
– É preciso ler o contrato com atenção e verificar o que está incluído no seguro, por quanto tempo haverá cobertura e em que casos, além do valor previsto de indenização. Também é preciso fazer a conta para ver se o valor desembolsado não será muito próximo ao do bem – explica Varanda.
PROCURA ALTA NA EDUCAÇÃO
A venda do seguro não deve ser feita juntamente com a compra ou contratação de produto ou serviço pelo consumidor. O varejista não pode obrigar quem compra um televisor, por exemplo, a adquirir seguro de crédito para cobrir o pagamento das prestações restantes caso perca o emprego antes de quitar todas as parcelas. A venda casada é uma prática proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).
– O seguro tem de ser sempre uma opção para quem contrata, não uma imposição – reforça Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), especialista em educação financeira.
Segundo Varanda, entre os seguros para perda de renda, o educacional tem sido o mais procurado e com maior uso, nos últimos três anos. O fenômeno é explicado justamente pelo fato de os jovens serem os mais afetados pelo desemprego.
Nesse tipo de seguro, geralmente, a instituição de ensino contrata o produto de uma seguradora e, depois, cobra uma cota na prestação do aluno, para garantir o pagamento da mensalidade entre seis meses e todo o ano letivo, em caso de morte, invalidez ou perda de renda do responsável.
O contrato do seguro que prevê o pagamento do condomínio em caso de perda de renda geralmente é feito pelas imobiliárias. Tanto inquilinos quanto donos de imóveis podem contratá-lo. O consultor Marcos Henrique dos Santos Bello contratou uma apólice há alguns anos temendo a perda de renda, já que a natureza do seu trabalho não lhe traz estabilidade financeira. Em 2017, ele precisou lançar mão da apólice pela primeira vez, ao fim de um contrato de trabalho que tinha duração de dois anos.
– O custo-benefício é muito bom. Pago R$ 7,78 por mês, e meu condomínio custa R$ 426. Ano passado, tive seis meses de condomínio pagos integralmente pelo seguro, quando meu contrato de trabalho foi encerrado – conta Bello.
PRESTAÇÕES DECRESCENTES
Para fazer jus a esse tipo de cobertura, há algumas condições: estar empregado há mais de um ano no mesmo trabalho, receber salário superior à cota condominial e não ter pedido demissão ou participado de programa de demissão voluntária.
Já para garantir o pagamento de financiamento imobiliário, o seguro mais usado é o prestamista, que pode ser contratado diretamente com o banco ou com uma seguradora. Geralmente, a apólice cobre morte e invalidez parcial ou total do segurado, mas há cobertura adicional para perda de renda.
Fonte: O Globo
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