Do mundo corporativo para a sindicatura
A entrevistada desta edição da revista Condomínio etc. é Lucia Helena Mello, síndica e moradora do Condomínio Barra Family. Essa geminiana que adora uma boa conversa acredita que todos os pontos de vista são legítimos. “Se você me disser que algo é assim ou assado, eu vou ouvir, mas tem que me convencer. Nada ‘é porque é’, sempre tem que haver uma razão.”
Ela adora estudar e, como toda pessoa curiosa, está sempre atenta ao que acontece a sua volta. Lucia vem ocupando posições de liderança na vida há muitos anos. Sua extensa jornada no mundo corporativo trouxe uma bagagem significativa para que ela se tornasse uma síndica de sucesso. “Tenho um perfil claro, objetivo e transparente.”
Lucia já foi síndica em dois prédios em que morou e está no quarto mandato consecutivo no condomínio onde reside atualmente, o Barra Family, localizado na zona oeste carioca. O empreendimento tem cinco prédios e 440 unidades.
Ter parceiros estratégicos para fornecer serviços de qualidade é uma das ferramentas de que ela não abre mão. A Cipa é um deles. Vamos saber um pouco mais sobre ela.
Revista Condomínio etc. – Qual sua formação e experiência profissional?
Lucia Helena Mello – Sou formada em administração de empresas, com longo tempo de atuação em cargos executivos, de gestão e em consultoria empresarial. Também fui professora universitária, quando lecionei as disciplinas planejamento estratégico, processos organizacionais e gestão de pessoas, além de orientar a elaboração de planos de negócios.
Minha vivência em condomínios começou como membro do Conselho Fiscal do Edifício Solar de Itamarati por dois mandatos consecutivos. Depois, fui síndica do Edifício Tour de Sant’Etienne também por dois mandatos consecutivos e estou no quarto mandato consecutivo como síndica do Condomínio Barra Family, totalizando dez anos de experiência.
Cetc. – Você acha que sua formação e experiência profissional fazem diferença para o sucesso de sua gestão?
LHM – Com toda a certeza. Acredito que este seja meu diferencial: poder aplicar as técnicas e ferramentas de gestão, levando à visão dinâmica e proativa que o gestor condominial precisa desenvolver.
Cetc. – Enfrentou desafios ao longo da vida profissional e como síndica por ser mulher? Você acha que as mulheres ainda sofrem algum tipo de preconceito?
LHM – Os desafios sempre aparecem, principalmente por sermos mulheres, mas me considero uma pioneira e privilegiada por ter aproveitado todas as oportunidades que tive na vida profissional, quebrando barreiras e buscando espaço nas organizações.
Por gostar de estar em movimento e ter facilidade de relacionamento interpessoal, não tive dificuldades para atuar em condomínios. A experiência em consultoria empresarial me proporcionou desenvoltura para lidar com os mais diversos tipos de problema, bem como lidar com gente.
Cetc. – Você é síndica moradora e vem sendo reeleita há alguns anos em seu condomínio. Essa experiência trouxe oportunidades profissionais para você?
LHM – Estou buscando ampliar minha atuação, levando para outros condomínios uma nova visão em termos de gestão condominial, de forma a proporcionar uma administração mais dinâmica, em que o síndico passa a ter um papel mais proativo e à frente dos acontecimentos.
Cetc. – Qual a importância da Cipa em sua gestão?
LHM – A Cipa tem sido uma parceira estratégica fundamental, pois atua em conjunto comigo desde meu primeiro mandato e me dá o suporte técnico necessário e importante para a recuperação do condomínio, além de, pessoalmente, ter me proporcionado inúmeras oportunidades para a ampliação de meu conhecimento no segmento de gestão condominial.
Cetc. – Você pretende entrar no mercado das síndicas profissionais?
LHM – Já estou prestando consultoria a síndicos e tenho recebido algumas ofertas para atuar como síndica profissional.
Cetc. – Sobre sua gestão, você se considera uma pessoa aberta à colaboração dos moradores? Acha que é uma pessoa acessível?
LHM – Sim, estou sempre aberta ao diálogo e disponível para receber qualquer morador. Pratico o que chamo administração “portas abertas”: é só agendar um horário. Estou sempre conversando com os moradores, uma vez que, por ser moradora, frequento as áreas de convivência do condomínio, como piscina, academia, play etc. Além disso, usamos um e-mail oficial também. A comunicação eficaz é algo importantíssimo; aqui usamos, inclusive, telas eletrônicas nos elevadores para garantir a divulgação de todas as informações necessárias.
Cetc. – Costuma delegar funções à sua equipe?
LHM – Claro! Selecionar, treinar, orientar, motivar… Formar a equipe é fundamental. Todos têm suas responsabilidades claramente definidas, e sempre nos reunimos para tratar de assuntos do dia a dia, problemas operacionais, para planejar nossas atividades etc. Minha equipe tem acesso livre a mim e temos a ajuda do WhatsApp para contato 24 horas com nossos supervisores.
Cetc. – E como você lida com as diferenças de opinião no condomínio?
LHM – Tenho muito claro que não vou conseguir agradar a todos. Estou sempre aberta a conversar e ouvir sugestões, mas que seja algo profícuo para a coletividade e que seja fundamentado em argumentos lógicos e viáveis.
Cetc. – Cite um desafio que você tenha enfrentado como síndica e como o resolveu.
LHM – O maior desafio foi o próprio Condomínio Barra Family quando assumi. Ele estava numa situação crítica, com graves problemas, tanto de ordem financeira, operacional e financeira como de ordem estrutural, pela própria deterioração do empreendimento em seu todo causada pela falta de manutenção e conservação.
Recuperar a saúde financeira; organizar as rotinas de trabalho; formar e treinar equipes; implementar um processo contínuo de gestão da inadimplência; buscar e manter parcerias estratégicas com fornecedores e prestadores de serviço, de forma a permitir um trabalho em rede integrado e, principalmente, abrir um canal de comunicação com moradores, funcionários, fornecedores e terceirizados, utilizando várias mídias e com a prática da política de “portas abertas’, foi desafiador. Outra grande dificuldade foi o período da pandemia, em que o síndico, o subsíndico e os membros do conselho consultivo passaram a atuar como grupo gestor, participando ativamente e cada vez mais da administração do condomínio.
Cetc. – Tem alguma recomendação para os síndicos que queira compartilhar?
LHM – Mantenham a saúde financeira, por meio de uma gestão efetiva e dinâmica; organizem as rotinas de trabalho de forma lógica e racional; formem e treinem a equipe, orientando, motivando e realizando os ajustes necessários; busquem parcerias estratégicas com fornecedores e prestadores de serviços, ampliando as fronteiras para fora dos muros do condomínio; e aproveitem a agilidade dos canais de comunicação e mantenham um canal direto com moradores, funcionários, fornecedores etc., por meio das mídias disponíveis, com o intuito de ter sempre um diálogo franco e positivo.
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