Do mundo corporativo para a gestão de condomínios
A síndica profissional convidada desta edição da revista Condomínio etc. é Luciana Duarte. Ela tem 50 anos de vida e 25 de experiência em gestão no mundo corporativo. É formada em administração com dois MBAs, sendo um em Gestão Empresarial e o outro em Engenharia e Inovação, além de uma pós-graduação em Controladoria. Luciana fundou a Vesta Síndicos Profissionais em 2018.
Ao longo da carreira, adquiriu experiência como gestora em empresas de grande porte, como Accenture; Shell; Oi; Petrobras; Lojas Americanas; Linx; BHP Billiton e Osklen.
Luciana participou da gestão da segunda edição do Rio Innovation Week, em 2022, o maior evento de inovação e tecnologia da América Latina. “Atuei em projetos de diferentes escopos, o que me proporcionou uma visão holística sobre startups, grandes/pequenas empresas e multinacionais.”
Também é mentora da Associação Brasileira de Startups e da InovAtiva (MDIC/Sebrae e CERTI), o maior programa de aceleração de empresas do Brasil, além de membra do Comitê de Empreendedorismo do Grupo Mulheres do Brasil.
Como nem tudo na vida é trabalho, nas horas vagas, nossa síndica de sucesso gosta de escrever, ouvir jazz, degustar vinhos e viajar. A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre Luciana Duarte.
Condomínio etc. – Como iniciou sua carreira no mercado imobiliário e como síndica profissional?
Luciana Duarte – Comecei como síndica moradora no condomínio onde resido e, em razão dos muitos elogios recebidos, decidi seguir carreira na área, que ainda é carente de bons profissionais.
Cetc. – Fez algum curso de especialização?
LD – Sou formada em administração com dois MBAs, sendo um em Gestão Empresarial e outro em Engenharia e Inovação, além de uma pós-graduação em Controladoria.
@Ao longo da carreira, atuei como gestora em empresas de grande porte, como Shell, Accenture, Oi e Petrobras, entre outras, e trouxe essa experiência para a área condominial. Atualmente, um profissional de destaque é aquele que adota a mentalidade de aprendizado contínuo, ou seja, lifelong learning.
Cetc. – Você acha que as mulheres ainda sofrem algum tipo de preconceito nessa área?
LD – Infelizmente, ainda sofremos preconceito na área condominial, assim como em outras áreas. No entanto, é importante ressaltar que a discriminação de gênero não deve ser tolerada em nenhum ambiente, incluindo os condomínios.
@É essencial que haja uma cultura de igualdade e respeito mútuo, independentemente do gênero.
Cetc. – Enfrentou muitas dificuldades?
LD – Minha experiência no mundo corporativo ajudou a abrir portas na área condominial; hoje em dia, a maioria de nossos clientes nos procura por indicação.
Cetc. – Você se considera uma síndica digital ou analógica? Dá para conciliar essas preferências nos condomínios?
LD – Atualmente, existem muitas ferramentas digitais que podem facilitar a comunicação entre os moradores, realizar a gestão financeira do condomínio e organizar a manutenção, entre outras atividades. No entanto, é importante lembrar que nem todos os moradores se sentem confortáveis com a tecnologia e algumas pessoas podem preferir métodos mais tradicionais de comunicação, como o papel ou o telefone. É fundamental conciliar essas opções para garantir que todos os moradores sejam atendidos de forma eficaz e justa.
@Por isso, acredito que a combinação de métodos digitais e analógicos pode ser uma boa opção para a gestão condominial, permitindo que os moradores escolham o que melhor atenda às suas necessidades e preferências. O importante é buscar eficiência e praticidade, sem deixar de lado o respeito às diferentes formas de comunicação e trabalho.
Cetc. – Entre os condomínios que você atende, a maioria dos moradores tem preferência digital ou analógica?
LD – A pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo no uso de ferramentas digitais na gestão condominial. Com a necessidade de manter o distanciamento social e evitar aglomerações, tivemos de recorrer a soluções digitais para nos comunicar com os moradores e a administração do condomínio. Ferramentas como aplicativos de comunicação, sistemas de gestão financeira on-line e reuniões virtuais se tornaram mais comuns. Com isso, muitos moradores tiveram de se adaptar ao uso desses recursos, e aqueles que já eram adeptos da tecnologia tiveram ainda mais incentivo para utilizá-la.
@A adaptação e preferência pela utilização de ferramentas digitais têm sido a escolha da maioria dos condomínios que atendemos.
Cetc. – Em tempos de assembleias ordinárias, qual modalidade seus condomínios têm adotado? Presenciais, digitais ou híbridas?
LD – Houve um aumento significativo na opção por assembleias digitais em condomínios de pequeno e médio portes. Já em condomínios maiores, a assembleia presencial ainda é a escolha que funciona melhor.
Cetc. – Qual a importância de uma administradora para uma boa gestão?
LD – A administradora é uma parceira fundamental na gestão do condomínio, que nos ajuda a desempenhar nossas funções com eficiência, transparência e em conformidade com a legislação e as normas do condomínio.
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Cetc. – Dá para agradar a todos os moradores? Como você lida com as diferenças?
LD – É praticamente impossível agradar a todos, principalmente em condomínios com muitos moradores e diferentes perfis. Cada pessoa tem suas expectativas e necessidades, por isso é importante que o síndico saiba lidar com as diferenças de forma diplomática e justa.
É preciso:
- Ouvir as demandas dos moradores, entender suas necessidades e buscar soluções que atendam à maioria;
- Ser transparente: manter uma comunicação com clareza e objetividade é essencial para garantir a confiança e o respeito dos moradores. Assim, eles se sentirão mais confortáveis em apresentar suas demandas e sugestões;
- Ser imparcial: o síndico deve sempre tomar decisões imparciais, baseadas em critérios objetivos e em conformidade com a legislação. Isso ajuda a minimizar possíveis conflitos e promover um ambiente mais harmonioso;
- Estabelecer normas claras: é importante que o síndico defina normas claras e objetivas, que todos os moradores possam entender e respeitar;
- Buscar o consenso: em casos em que haja divergências entre os moradores, o síndico pode tentar buscar o consenso entre as partes. Para tanto, convém realizar reuniões, assembleias, solicitar mediadores ou outras ações que visem promover o diálogo e a negociação entre as partes envolvidas.
Assim, com uma atuação transparente, objetiva e imparcial, é possível minimizar os conflitos e promover uma gestão mais eficiente e harmoniosa do condomínio.
Cetc. – Algum comentário sobre como é ser síndica nos dias atuais?
LD – Ter empatia e muita inteligência emocional é essencial para ser uma boa síndica.
Cetc. – Você teve algum grande desafio até agora? Qual foi e como resolveu ou lidou com isso?
LD – Em um condomínio da zona oeste, fui obrigada a tomar a decisão impopular de fechar temporariamente uma piscina que havia sido construída ilegalmente e fora das normas, que representava risco de vida para os moradores. Foi um desafio significativo convencer os residentes a esperar o término das obras necessárias antes de reabrir a área.
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