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Síndicas de Sucesso: Mulher, síndica profissional, jovem e muito eficiente!

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Karine Pedrosa Prisco tem 34 anos e, apesar da pouca idade, tem experiência de sobra e talvez muito mais do que pessoas bem mais velhas por aí. Essa escorpiana que aprendeu a lidar com suas emoções ao longo dos anos para poder administrar os problemas dos outros e muitas vezes acalmá-los afirma que já se transformou muito: “Aprendi a ser uma pessoa melhor; hoje tenho habilidades que não tinha.” Segundo ela, hoje em dia, as pessoas estão muito difíceis de lidar, e, com a pandemia, as coisas conseguiram piorar um pouco. Por isso, mais do que nunca, é preciso ter inteligência emocional. 

“Temos que evoluir para ser pessoas melhores, síndicos melhores. Hoje em dia, piso com mais cuidado porque sei que mora alguém embaixo; tento ser uma pessoa melhor a cada dia; uma vizinha melhor em todos os aspectos”, reflete Karina. 

Nossa personagem é casada e “mãe” de quatro cachorros e concilia muito bem a vida doméstica com a profissional. Até mesmo porque essa história de síndica na família não começou com ela. Sua mãe, Marcia Pedrosa, já era síndica profissional e, num determinado momento, não só atraiu a filha para a profissão, como fez dela sua sócia na Harco Síndicos. 

Karine tem uma robusta formação: primeiro, cursou turismo e hotelaria. “Atuei por mais de três anos na área; trabalhei em hotéis, agências de viagens e como guia de turismo. Nessa profissão, tive a oportunidade de visitar 32 países, morei e estudei no exterior e aprendi línguas como inglês, espanhol e francês.” Ela também é técnica em design gráfico e webdesign: “Nunca atuei profissionalmente, apenas cursei o técnico porque gostava dessa área, mas tudo que aprendi foi muito útil e aplico hoje em dia como síndica.” Ela também é graduada em administração de empresas: fez curso de extensão de Business na London School of Business, Inglaterra. “Trabalhei nessa área por três anos, em que atuei em multinacionais na área de gestão de projetos.”

A família de Karine entende que problemas condominiais acontecem e são imprevisíveis. “Meu marido também atua no mercado imobiliário, então, ele tem uma compreensão da vida do síndico, o que facilita muito”, conta ela, lembrando que ela e a mãe já tiveram que abandonar uma ceia de Natal certa vez por conta de um problema de falta de luz num prédio ao qual elas atendem. “Fomos lá dar suporte. Ficamos lá até a Light resolver o problema”, lembra ela, contando, ainda, que seu telefone está sempre ligado e a seu lado. 

Ela conta que “nós na Harco temos uma filosofia de gentileza. Grosseria, não. E há prédios que não querem ser geridos corretamente e que pressionam o síndico para proceder errado. Nós não compactuamos com isso, preferimos abandonar a gestão”.

Vamos conhecer um pouco mais a Karine nesta entrevista. 

Revista Condomínio etc. – Quando e como entrou para esse segmento de atuação?

Karine Pedrosa Prisco – Iniciei minha carreira como síndica depois de voltar da Inglaterra, em 2013. Voltei de viagem e estava desempregada; fiz algumas entrevistas em multinacionais, mas os valores de pró-labore estavam muito baixos, assim, como minha mãe já era síndica de cinco condomínios, me ofereceu um dinheiro extra até que eu arrumasse um bom emprego em troca de uma ajuda em sua rotina operacional. Aos poucos, fui me interessando pelo trabalho e gostando do dia a dia de um síndico, principalmente quando percebi que administrar um condomínio era semelhante a administrar uma empresa. O fato de poder estar em home office e fazer meu horário também me chamou atenção nessa área. E em menos de um ano, sem fazer nenhum marketing, já estávamos administrando 15 condomínios apenas por meio de indicação de clientes e de administradoras. Fiquei impressionada com esse mercado e a rapidez com que crescemos; há empresas que demoram anos para conseguir uma carteira de clientes, e em menos de um ano eu estava ganhando bem e com liberdade para fazer meu próprio horário. Assim, eu e minha mãe abrimos uma empresa e nos estruturamos melhor para atender aos condomínios de forma mais profissional.

Cetc. – Fez algum curso de especialização?

KPP Na época em que trabalhava com administração de empresas, fiz o curso completo de operador pleno do Pacote Office e, posteriormente, me dediquei a aulas particulares até o módulo avançado de Excel e Access. Também me especializei em design gráfico e webdesign, me dedicando, principalmente, ao Pacote Adobe, que sempre me ajudou muito em todas as áreas em que trabalhei. Assim que comecei na área condominial, o primeiro curso que fiz foi de administração de condomínios do Secovi Rio, que, em minha opinião, é uma referência entre os cursos da área e que me deu uma boa noção sobre as responsabilidades de um síndico. Também cursei Departamento Pessoal na Coad, fiz vários cursos relacionados com a área de condomínios em São Paulo, em especial os cursos na Gábor, que também são uma grande referência no mercado. Cursei Gestão de Facilities na NPPG e mais alguns cursos rápidos voltados para direito condominial e imobiliário na OAB/RJ e no CREA/RJ sobre reaproveitamento de água de chuva e energia solar.

Cetc. – Sofreu algum preconceito por ser mulher?

KPP Tanto por ser mulher como também por ser jovem. Infelizmente, as mulheres ainda passam por situações de preconceito e estão sempre precisando provar que são capazes, sobretudo quando se trata de questões relacionadas com obra e manutenção predial. Também pela minha idade, sinto que esse preconceito se agrava, pois muitos não aceitam que uma mulher jovem possa, em determinadas situações, saber mais que outros ou até mesmo que tenha capacidade de administrar o patrimônio alheio. Já fui chamada de “fedelha” por um condômino – as pessoas não têm ideia do quanto estudei para chegar aonde cheguei, sem contar que trabalho desde cedo, o que me trouxe uma grande bagagem profissional.

Cetc. – Qual a importância de uma administradora em sua gestão?

KPP Não trabalho com o sistema de gestão total, ou seja, gestão realizada somente pelo síndico, sem o auxílio de uma administradora. Entendo que as administradoras têm uma estrutura que nós, síndicos, não costumamos ter, por isso podem atender muito melhor aos condomínios, principalmente nas questões financeiras, contábeis e de departamento pessoal, sem contar que o papel da administradora é muito importante, já que são o braço direito do síndico. Quando delegamos parte de nossas funções para ela, temos mais tempo de tratar de questões de manutenção, contato com o cliente, visitas ao prédio, entre outras funções que o síndico possui e que talvez não realizaria com tanta facilidade caso tivesse que preparar os balancetes, os boletos de cota condominial, fazer os pagamentos de funcionários etc. Acredito que, para cada função, existe uma competência, portanto, a parte contábil precisa ser atendida por um contador; a administrativa, por um administrador; o departamento pessoal, por um profissional qualificado nessa área, e assim por diante.

Cetc. – Quantos condomínios atende?

KPP Atualmente, administramos em nossa carteira 29 condomínios residenciais e mistos localizados na zona sul do Rio de Janeiro.

Cetc. – Qual a maior qualidade que um síndico deve ter?

KPP O síndico precisa ser multidisciplinar, mas em especial diria que as habilidades fundamentais são as de gestão de pessoas e conflitos, bem como entender de obras e manutenção predial. Não que as outras habilidades não sejam importantes; de fato, quanto mais habilidades o síndico tiver, mais vai agregar valor a seus serviços. Importante ressaltar que nunca seremos bons em tudo, portanto, é fundamental que o profissional entenda quais são seus pontos fracos e se cerque de profissionais competentes que vão complementar o serviço, como advogados, engenheiros, administradores, contadores etc.

Cetc. – Como você lida com as diferenças entre as pessoas num condomínio?

KPP É sempre um eterno aprendizado, as pessoas estão cada vez mais difíceis de lidar. Faço terapia constantemente, pois é muito importante cuidarmos da saúde mental, visto que lidamos com pessoas muito difíceis e com problemas diferentes. O conceito do condômino do que é um bom síndico às vezes é injusto; por exemplo, se você cobra o inadimplente, ele fica com raiva do síndico e passa a ser oposição porque foi cobrado. Se um apartamento infrator faz uma festinha e passa dos limites com o barulho, o síndico recebe reclamação, adverte, mas depois a pessoa fica com raiva e não entende que ela está errada. Muitos condôminos que não querem gastar acabam passando suas responsabilidades para o condomínio, e não achamos isso correto; não fazemos nada que não seja responsabilidade do condomínio para agradar o morador, com isso, muitas vezes, somos vistas como chatas, implicantes e muito rígidas, mas, enfim, não é possível agradar a todos, e todos temos nosso limite, não aceitamos agressões físicas e verbais, e se o condomínio não valorizar nosso trabalho, preferimos sair. Os condôminos são os donos, então se querem conduzir de forma que agrida nossa ética e responsabilidade, preferimos renunciar ao cargo e deixar que façam como melhor entenderem.

Cetc. – Costuma usar recursos digitais na administração? Como lida com as pessoas que não se sentem à vontade com a tecnologia?

KPP Sim, cada vez mais usamos os recursos digitais, principalmente depois da pandemia, como sistemas de gestão, assembleias virtuais, comunicação por WhatsApp e e-mail, entre outros, mas ainda não abandonamos o famoso livro de ocorrências, os avisos nos elevadores e as circulares impressas, exatamente porque existem muitos idosos que não têm familiaridade com tecnologia. Isso varia de acordo com cada condomínio, portanto, é importante que o síndico defina, em assembleia, quais serão os canais de comunicação que atenderão a todos.

Cetc. – Qual foi seu maior desafio como síndica? Como resolveu?

KPP Acho que é difícil citar qual seria o maior desafio. Já passei por tanta coisa que poderia escrever um livro: incêndio no prédio oriundo de apartamento; casos de suicídio; crimes como agressões, tentativa de assassinato, assalto e furto; problemas estruturais; situações de alagamento; acidentes de trabalho, enfim, cada situação é um desafio diferente, e ver o sofrimento alheio é difícil. Sempre que acho que já passei por tudo, acontece um problema novo para resolver. É fundamental que o síndico tenha uma boa assessoria jurídica para auxiliá-lo em cada caso.

Cetc. – A mesma receita (solução) serve para qualquer condomínio?

KPP Eu diria que existe, sim, uma receita para administrar um condomínio, as rotinas básicas que todo prédio tem e as responsabilidades básicas ao se gerir. Muitas vezes os problemas são os mesmos, só se mudam o nome e o endereço do prédio, mas cada condomínio se comporta de uma maneira diferente, então é muito importante personalizarmos o atendimento e entender a cultura de cada condomínio. Um condomínio com piscina, parquinho, quadra e áreas de lazer vai certamente demandar muito mais tempo do que um menor, sem áreas comuns e sem elevador, por exemplo, mas isso não significa que o condomínio pequeno não tenha desafios e problemas. Diria até ser importante que o síndico avalie sempre os problemas antes de assumir o cargo em função de sua responsabilidade civil e criminal.

Cetc. – Alguma curiosidade sobre o assunto que queira compartilhar?

KPP Ao conversar com colegas síndicos, venho percebendo que a depressão é muito comum entre esses profissionais, que, apesar de, muitas vezes, sermos bem remunerados, temos uma carga de trabalho pesada, sem férias, muitas responsabilidades e pouco reconhecimento. Se puder dar um conselho ao profissional que está iniciando na área, diria para, desde o início, cuidar da saúde mental e inteligência emocional. Essa profissão precisa de muita disciplina, ética e o apoio de uma equipe competente, pois sozinhos não conseguimos dar conta de tudo.

Cetc. – Algum comentário sobre como ser síndica nos dias atuais?

KPP Eu sempre digo que se fosse fácil não se chamava “edifício”. Infelizmente, o síndico, muitas vezes, tem um papel chato de educar, ensinar, coordenar, mas nem sempre as pessoas querem aprender ou evoluir. Os conflitos que surgem em função da convivência entre as pessoas é um dos maiores desafios que o síndico poderá encarar. Ser síndico, atualmente, significa que esse profissional precisa ter total controle das emoções e não levar as ofensas e injustiças do dia a dia para o lado pessoal; é entender que o ser humano que está agredindo você tem problemas, que o problema parte dele, e não de você. Não é tão simples como parece, mas em essência ser síndico pode nos tornar pessoas melhores.

 

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